Lançamentos do mercado imobiliário alagoano crescem 20% em 2
O mercado da Construção Civil mantém-se aquecido em Alagoas, apesar da inflação que pesa sobre os preços dos insumos, com impacto direto no valor dos imóveis ao consumidor. Incluído entre os setores que não pararam durante a pandemia, o segmento conseguiu se sobressair à crise, mantendo a programação de lançamentos em todos os perfis de consumo, com crescimento de 20% em lançamentos em relação a 2020. O crescimento total do setor é estimado entre 10% e 15% para o fechamento do ano.
As informações são do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas (Sinduscon-AL), segundo o qual as medidas de proteção ao crédito adotadas por instituições financeiras durante a pandemia e as feiras imobiliárias ajudaram a manter a balança equilibrada.
“Em 2021 o setor vem com lançamentos importantes. Mantivemos o patamar de lançamentos de 2020, com um leve aumento. Eventos como a Feira Minha Casa Própria, realizada pelo Sinduscon, e o Salão do Imóvel Ademi, ambos no mês de outubro, contribuíram para aquecer um pouco mais o setor, de modo que 2021 teve 20% a mais de lançamentos do que em 2020”, afirma o presidente do Sinduscon, Alfredo Brêda.
Ele afirma que dos condomínios de alto padrão aos residenciais de interesse social, os alagoanos com potencial para investir na aquisição de um imóvel não terão trabalho para encontrar um produto que atenda a sua capacidade de investimento. “Tivemos lançamentos para todas as faixas de renda, começando pelo perfil do Programa Casa Verde Amarela, que começa com R$ 1.800,00 de renda familiar até R$ 7.000,00. Os empreendimentos de renda média e alta também estão consolidados no mercado", conta.
O representante da indústria da construção comenta que o crescimento do setor poderia ser ainda maior, não fosse a alta da inflação e das taxas de juros, que se aproximam dos dois dígitos e elevam os custos da construção, com reflexos sobre os preços ao consumidor final. Apesar disso, segundo o Sinduscon, o mercado busca manter o repasse dos custos da construção dentro da margem de renda do consumidor para não perder as vendas.
“A alta da inflação e dos juros impacta diretamente de forma muito negativa o setor. Isso para nós é muito triste porque temos que conviver com os aumentos de preço e isso é repassado para o consumidor, mas não de forma integral, até porque não há um aumento de renda na mesma proporção para a classe consumidora”, pondera Brêda.
O Sinduscon diz que a alta da inflação representa uma preocupação para a construção civil desde o início do ano, encarecendo os insumos, principalmente nas indústrias de cimento, aço, PVC e madeira. “Tivemos diversos aumentos e continuamos tendo esses aumentos. Isso é repassado ao consumidor, mas não de forma ampla, vamos tentando conciliar para minimizar esses efeitos”, diz.
O empresário informa que embora esteja entre os setores que obtiveram resultado positivo em 2020 e 2021, o mercado da construção havia apostado mais alto para este ano, com a retomada dos negócios após a estabilização da pandemia. A economia, contudo, frustrou as expectativas.
"No início de 2021 esperávamos um forte crescimento da indústria da construção, mas acreditamos que o crescimento vai ficar entre 10% e 15%. Esperávamos que o crescimento fosse maior com o fim de pandemia. Contudo, o aumento dos preços dos materiais de construção dificultou muito o nosso crescimento. Poderíamos estar vendendo mais imóveis, empregando mais, gerando mais renda e isso seria muito bom para a economia do estado, mas os aumentos estão dificultando a evolução do nosso mercado, apesar de estarmos evoluindo bem diante do cenário".
Para Alfredo Brêda, a política de financiamento da Caixa no início da pandemia, com a suspensão de prazos dos contratos, amorteceu o impacto da crise financeira em 2020, e contribuiu para manter o equilíbrio do setor. “O ano de 2020 foi positivo porque a Caixa fez um trabalho importante durante a pandemia, procurando dar carência de prestações, carência para início de pagamento de novos imóveis. 2020 foi o ano que conseguimos manter o mercado aquecido, mesmo com a pandemia”.
Imóveis de interesse social
Alfredo Brêda explica que a alta dos preços e dos juros afeta a todos os perfis de renda e consumo, sendo mais danosa para o mercado dos imóveis populares, devido à capacidade de investimento reduzida deste segmento.
“No início de 2021, com o aumento de preços dos insumos, os preços dos imóveis foram afetados para a classe mais baixa, que são os imóveis da classe do Programa Casa Verde Amarela. Impacta também os imóveis da classe mais alta, porque os aumentos dos imóveis da classe mais alta são maiores. De modo geral, há um impacto no perfil do consumo de imóveis em Alagoas”, avalia.
Egressos do Pinheiro
Questionado sobre os efeitos da realocação dos bairros afetados pelo afundamento do solo no mercado imobiliário, o presidente do Sinduscon afirma que não tem como mensurar essa relação por se tratar de uma população heterogênea, com interesses e perfis econômicos diversos, mas admite que a mudança movimentou o segmento.
“Não temos um diagnóstico sobre a questão dos imóveis afetados pelo afundamento do solo. É uma tragédia, mas as pessoas que saíram desses bairros precisaram adquirir outros imóveis em outros bairros e isso faz com que o mercado fique comprador. Essa população está migrando tanto para a parte baixa, como também permanecendo em outros bairros da parte alta. Não tem um local específico, eles estão migrando para onde tem imóveis em construção e até imóveis usados que estão à venda".
De modo geral, embora não ofereça dados objetivos sobre os fatores que contribuem para manter os resultados positivos, o Sinduscon sinaliza que o mercado imobiliário tem uma dinâmica própria que o mantém fortalecido, a despeito da crise.
"O mercado continua comprador, apesar da crise. A gente continua lançando e vendendo imóveis. Não conseguimos explicar, mas muita gente deve estar com dinheiro retido, pessoas querendo comprar imóveis porque está casando, ingressando no mercado de trabalho. Então, apesar da crise, continuamos, sim, vendendo imóveis em Alagoas", analisa Alfredo Brêda.
Fonte: GazetaWeb